Apartheid: um modelo de (des)ressonância em Achille Mbembe
DOI:
https://doi.org/10.36592/opiniaofilosofica.v11.985Palavras-chave:
Apartheid. Alienação. Ressonância. Ubuntu. Relação.Resumo
Resumo
Neste trabalho, cujo tema é o apartheid: um modelo de (des) ressonância, o qual o mundo já vivenciou na história, pretendo compreender se esta forma de colonização se equipara com a alienação. Entende-se o apartheid no contexto de raça que Achille Mbembe discute nas suas pesquisas, enquanto um sistema que usou a noção de raça para separar ou apartar negros e brancos, criando uma relação de coisificação entre os seres humanos. Na África do Sul, o apartheid durou aproximadamente 45 anos, em que negros foram escravizados e sofreram uma experiência de nadificação em que tudo foi tirado deles, inclusive a sua própria “alma”, que não lhes pertencia mais. A violência foi a característica chave da relação do regime vigente, seguido da balcanização dos sul-africanos em tribos ao coloca-los em territórios inóspitos (bantustões) para, em seguida, apoderarem-se das melhores terras dos nativos. O apartheid alienou os negros de sua existência quanto ao quadro dos valores tradicionais, tornando-se estranhos a eles mesmos ao fazê-los perder a identidade. Ao proclamarem a desigualdade, o regime mostrou que não pretendia estabelecer uma relação harmoniosa do encontro entre os povos, mas sim de hostilidade. A ressonância é possível na relação entre seres humanos quando há um segmento de diálogo que se baseia no reconhecimento mútuo, em que, no diálogo, cada participante faz ressoar sua voz sem pré-condicionalismo. A capacidade da ressonância de basear-se na experiência de violência e de indiferença é fundamental porque ela não deve ser sinônimo de harmonia, e a alienação ajuda a reparar os erros cometidos para superá-los e sair dessa crise de relacionamento e retomar a ressonância. Portanto, aqui se revê o ubuntu como uma estratégia face à crise, uma forma nova de ressonância encontrada pelos sul-africanos à luz das raízes tradicionais africanas.
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