Perigos de uma Filosofia Única
método estrutural e colonialidade da filosofia no Brasil
DOI:
https://doi.org/10.36592/opiniaofilosofica.v15n2.1112Palavras-chave:
Missão Francesa, Método Estrutural, Filosofia única, Filosofia no Brasil, ColonialidadeResumo
O artigo trata da historiografia estrutural franco-uspiana como caso ilustrativo dos perigos de uma filosofia única tornada programa pedagógico de ensino e produção de filosofia. Para tal, inicia-se por expor a construção do currículo historiográfico franco-uspiano. Em seguida, discorre-se sobre a unilateralidade do método estrutural, posto que encampa a concepção de que todas as filosofias têm uma única lógica, a sistêmica, mesmo que um filósofo se recuse a apresentar uma arquitetura das razões. Por fim, explicita-se a produção do “sistema de inibições”, sumarizado no banimento da polêmica e no alheamento programado, enquanto domesticação do pensamento, mascarado sob o véu de modernizantes técnicas exegéticas. O objetivo do artigo é mostrar que um dos problemas filosóficos brasileiros é a colonialidade da produção filosófica, marcada menos pela filosofia do método estrutural e mais pelas disposições intelectuais e pedagógicas inibidoras que este favoreceu. Essa disposição pode ser produzida por outras pedagogias assentadas em filosofias unilaterais. Daí a importância de considerar o caso franco-uspiano para incentivar uma revisão das formações regionais do ensino e estudo da filosofia no Brasil e, assim, combater as forças de domesticação da filosofia entre nós.
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